Homem e mulher diante de uma pilha de excremento (Miró, Joan/1936)
Por Lucivaldo Ferreira
São meus versos confissões
de crimes não cometidos,
são desejos proibidos,
meu vaguear sem razões.
São o abrir dos portões
da alma de um ser daninho
que cheira a gozo e vinho,
e diz despir-se do medo
só por ter marcado à dedo
teu lascivo pergaminho.
Meu verso quer teus caminhos
de sangue suor e cereja.
Quer a culpa que lateja,
quer tocar teu negro ninho.
É o intumescido espinho
inundando azuis porões,
sumo de hostis previsões,
declamações sem sentido,
mas para o cauto ouvido
são meus versos confissões.
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