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EFEITOS ALEATÓRIOS

29 junho, 2011

Tratorzim Emboricado (em tanto tempo de ré)


(Por Lucivaldo Ferreira)

O Trator vinha que vinha
possante, reto e veloz
até cair na algoz
garra de uma ave daninha.
Hoje o Trator descaminha,
deixa os donos quase a pé
andando só com a fé
num bem que nunca chegou.
Só o sabido enricou
em tanto tempo de ré.

Antes de o bruto estancar
pela falta da gasosa
seu condutor, todo “prosa”,
pôde outro carro comprar.
Mas quem teve que pagar
foi o suor da ralé
extraído a pontapé
atropelo e desamor.
Só o sabido enricou
em tanto tempo de ré.

Tá hoje o motor pifado
do Trator que já foi nosso,
pois um barão sem remorso
quis dirigir o coitado.
Veja! O condutor malvado
que ninguém sabe quem é
já quase dando no pé
com o carro que nos tomou.
Só o sabido enricou
em tanto tempo de ré.

Terá conserto o motor
depois de encher tanto bolso?
Sairão do calabouço
os donos reais do Trator?
Irá o mau condutor
seguir crescendo à má fé,
comprando terra e chalé
nos sonhos que exterminou?
Só o sabido enricou
em tanto tempo de ré.

O tal motor mamadeira
encheu o bucho indecente
duma traça intermitente
que o lançou na ladeira.
Não pense que é brincadeira
o desmedido trupé
de viver perdendo a fé
no pouco Trator que restou.
Só o sabido enricou
em tanto tempo de ré.

O falso rei da razão,
louco, vilão traiçoeiro,
quebrou o Trator inteiro
mas ergueu sua mansão.
Só quem se fez de babão,
Cheira ovo, lambe pé
Fez sua conta, e até
Algum centavo ganhou.
Só o sabido enricou
em tanto tempo de ré.

Segue agora depenado,
de ré, descendo essa serra,
atropelando quem berra
contra o guia desalmado.
Melhor é ficar calado
qual infeliz leguelhé
vendo do topo ao sopé
descer sem freio o Trator.
Só o sabido enricou
em “quatro” anos de ré.

Triunfo, 05 de maio de 2011.

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