O rio dos mendigos (Canaletto, Giovanni Antonio Canale/1720-25 )Por Lucivaldo Ferreira
Quando rio, é sem querer.
Tento conter, mas o riso me escorre
pelos cantos da boca
e suja minha roupa,
quebra minha quilha.
O meu sorriso é quase,
cheio de espaços vazios.
É desdentada engrenagem
oxidada, cortante, intermitente.
Meu sorriso é o instante
em que não sou.
Se rio, sem águas,
desértico
e todo deserto já foi rio.
Se rio, não é de janeiro,
é de agosto, rio do meu rosto
sóbrio e sombrio.
Se rio é de mim mesmo...
Rio a esmo...
Meu riso é o rio sem rédeas,
sem margens;
é fuzil amarelo e carmim
que atira risos de mim.
Se rio, triste veio,
charcos que trago na calma.
Se rio é assim:
quando riacho, tenro;
se mar, Morto;
se rio... Nilo.
Tento conter, mas o riso me escorre
pelos cantos da boca
e suja minha roupa,
quebra minha quilha.
O meu sorriso é quase,
cheio de espaços vazios.
É desdentada engrenagem
oxidada, cortante, intermitente.
Meu sorriso é o instante
em que não sou.
Se rio, sem águas,
desértico
e todo deserto já foi rio.
Se rio, não é de janeiro,
é de agosto, rio do meu rosto
sóbrio e sombrio.
Se rio é de mim mesmo...
Rio a esmo...
Meu riso é o rio sem rédeas,
sem margens;
é fuzil amarelo e carmim
que atira risos de mim.
Se rio, triste veio,
charcos que trago na calma.
Se rio é assim:
quando riacho, tenro;
se mar, Morto;
se rio... Nilo.
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