O triunfo de Baco (Velazquez, Diego Rodrigues de Silva y/1628-29 )Por Lucivaldo Ferreira
Com sons de bucho inchado
ressoa o ébrio tambor
invocando hostis tocadores.
vem primeiro o trompetista,
depois o requintista,
logo após o homem do tuba.
O regente demente e já a espera
põe à mesa queijo e rum.
Inicia-se o concerto
com gestos preventivos.
O compasso é sincopado,
o som é forte,
tanto quanto o cheiro
que dos tubos se desprendem:
suor, álcool, saliva.
O tambor dita o andamento
e cada um em seu acento
entoa sua cantiga,
diferente do que se lê
nas manchadas partituras.
A batuta é pesada e suja,
é espada cortando a mão
de quem a segura.
Compasso final!
Silêncio em fim.
Restam apenas
o olor graveolante
de maus pensamentos,
sons sem sentimentos
e a sala toda melada
de álcool, suor e saliva.
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