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EFEITOS ALEATÓRIOS

28 dezembro, 2007

MORS ULTIMA RATIO

Flores da maldade (René Magritte/1946)



Por Lucivaldo Ferreira



Depois de arrancada,
A flor já com morte cerebral,
Ainda consegue perfumar
A lapela do canalha,
Os cabelos de uma louca,
O pratinho da criança,
O jarro da minha mesa.

Depois de arrancada
Ela conserva a beleza
Ainda por alguns minutos
Presa na água gelada,
Mas já não atrai borboletas,
Já não excita o arranco,
Já não incita o toque.

Depois de arrancada,
A flor já não é flor
É ornato de feia sala,
Moldura de esquife.

A flor depois de arrancada
Vai dar cheiro a quem não tem,
Beleza a quem não aprecia,
Vida, quando já se foi.

E assim vai,depois de murcha,
Ao lixo.
Já sem cheiro, sem cor, sem função,
Mas há quem festeje seu fim
Ao dizer que só longe do jardim
Cumpre a flor sua missão.

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